No domingo, somente 53% do eleitorado compareceu às urnas nas eleições legislativas da cidade de Buenos Aires. Um índice de abstenção histórico na trajetória de eleições da capital argentina, onde o voto é obrigatório como no restante do país. O resultado mostrou o desinteresse dos que não foram votar pelo processo eleitoral. O pleito foi convocado para renovar metade da Legislatura da cidade, mas o presidente argentino Javier Milei buscou nacionalizar a disputa subindo no palanque de seu candidato, o porta-voz da Presidência Manuel Adorni.
Das 17 listas de candidatos, somente cinco conseguiram votos suficientes para eleger o equivalente a vereador. Adorni, do partido A Liberdade Avança (LLA), recebeu 30,13% da votação e seus opositores, Leandro Santoro, do 'È Agora Buenos Aires', 27,35%, e Silvia Lospenato, do macrismo, apenas 15,93%. O candidato do presidente venceu em grande parte da cidade e o macrismo não saiu vitorioso em nenhuma comuna (distribuição istrativa de Buenos Aires). Foi o pior resultado para o partido do ex-presidente Mauricio Macri, o PRO, que governa a cidade há quase 20 anos.
Milei comemorou o resultado, na noite de domingo, como uma vitória arrasadora. "A cor violeta venceu a cor amarela.", disse. O amarelo é a cor do partido PRO, fundado pelo ex-presidente Mauricio Macri, apontado por Milei como derrotado e também ultraado. Numa entrevista, Milei sugeriu que Macri está ficando fora da política. "O momento (de Macri) já ou", disse. O ex-presidente apoiou Milei no segundo turno da eleição presidencial, mas os dois têm trocado farpas publicamente há meses.
O calendário eleitoral argentino foi fragmentado durante o ano. Em setembro serão realizadas eleições legislativas na província de Buenos Aires, a maior do país, e em outubro serão haverá eleições para renovar parte da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Milei tem atraído políticos do macrismo para seu partido, mas analistas entendem que seu objetivo é fortalecer sua legenda e ainda enfraquecer o opositor kirchnerismo, que apoiou Santoro na eleição de domingo.
As disputas políticas, porém, não parecem atraentes para pelo menos parte do eleitorado. E, na prática, foi por não acreditar que a votação para renovar metade da Câmara dos Vereadores mudaria algo em suas vidas que quase metade do eleitorado não compareceu às urnas no domingo. A dúvida agora é saber qual será o comportamento dos eleitores nas próximas eleições deste ano - um desafio para a democracia argentina que os argentinos demoraram tanto em reconquistar após a ditadura militar de 1976 a 1983.
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